De janeiro a novembro de 2023 o Acre já exportou mais de 1.839 toneladas de carne suína, correspondente a um valor de US$ 4,74 milhões de dólares, conforme dos dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior de Serviços. No ano passado as exportações no período forma de 718 toneladas, que correspondeu a US$ 1,5 milhão de dólares.
O Total das exportações acreanas, no mesmo período, foi de US$ 42,17 milhões de dólares, uma queda de 20,5% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 50,12 milhões de dólares). Somente a carne suína e a soja tiveram aumento no valor das exportações em 2023, conforme pode ser verificado no gráfico abaixo. A maior queda no ano, foi observada nas exportações de madeira (-69%), caindo de US 16,6 para US$ 5,2 milhões de dólares de valor no período.
Conforme o gráfico a seguir, o principal destino (87%) da carne suína foi para o Peru, graças ao recente acordo de liberação do mercado peruano para o frigorífico Dom Porquito, localizado na cidade de Brasiléia, na Regional do Alto Acre. A Dom Porquito faz parte do complexo agroindustrial acreano, localizado naquela Regional.
Comparado os onze primeiros meses de 2023 com os de 2022, verificou-se uma total mudança nos destinos das exportações. A Bolívia, que em 2022 recebia 82% das exportações de carne suína do Acre, passou a receber, em 2023, somente 8,7% do total exportado do produto. Por outro lado, o Peru que não fazia parte dos destinos das exportações já ocupa 87% do valor exportado do do produto.
A quase totalidade das exportações da carne suína foi realizada pela alfândega de Assis Brasil (94%), situada na Estrada do Pacífico que liga o Acre a todo território do vizinho país. As demais alfândegas por onde saíram as nossas exportações, em 2023, foram Epitaciolândia (3,7%), Guajará-Mirim (1,3%) de o Porto de Santos (1%), para onde saíram as exportações para o Haiti e para Hong Kong. Segue gráfico dos locais de saída.
Queda nas exportações de madeira preocupa
Conforme notícia publicada pela WoodFlow, em 14/7/2023 A redução de volumes e preços dos produtos madeireiros no mercado internacional se deve, principalmente, a dois fatores. O primeiro é o alto estoque mundial criado nos anos anteriores. Segundo o CEO da WoodFlow, durante a pandemia o consumo desses produtos estava muito alto e a procura mundial também se elevou, puxando para cima os preços e os volumes exportados. O segundo é a conjuntura econômica mundial em 2023. Os grandes países consumidores, dos quais podemos destacar Estados Unidos e China, estão com altas taxas de juros e também inflação elevada. Esses dois fatores econômicos fazem com que haja uma redução no consumo mundial.
No período analisado, o setor florestal exportador de madeira do Acre perdeu mais de US$ 11,4 milhões de dólares, queda que abala economicamente esse importante setor da nossa economia. Embora seja importante e crucial a resolução das questões de mercado, os problemas de licenciamento ambiental também fazem parte do rol de problemas que o setor terá que resolver em 2024, visando o reestabelecimento dos seus níveis de normalidade e soerguimento da sua importância na economia acreana.
Mercado da carne suína em alta
O que devemos comemorar é o crescimento das exportações da carne suína acreana. O governo estadual tem discutido a ampliação de apoio ao setor, principalmente, para aumentar a oferta do produto pelo pequeno produtor rural, reestabelecendo a lógica do complexo agroindustrial, cuja estratégia prevê uma produção integrada (pequeno produtor/indústria). Políticas de regularização fundiária, de acesso ao crédito, via a criação de um fundo garantidor público, estão na pauta das discussões.
Um dos gerentes da Dom Porquito, o amigo Paulo Santoyo, é um grande otimista, aposta num crescimento ainda maior do segmento. Segundo ele, Não faltará demanda externa (mercado) se tivermos um aumento da oferta interna, estamos longe de atingir o total que o mercado externo quer demandar.
Luís Rua, diretor de mercados da Associação Brasileira da Proteína Animal – ABPA, em depoimento no dia 08/11, explicou a expansão do mercado. Afirma que além da abertura de 5 (cinco) novos relevantes mercados em 2023, países como Peru, Chile e Filipinas têm demandado mais a proteína brasileira. Acresce-se a isto o aumento das exportações para o Japão e Coreia, consolidando o Brasil como um importante fornecedor nestes que são talvez os mercados de mais valor agregado atualmente.
Chegou a hora do Acre.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas
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